ÀS PORTAS
DO
CORAÇÃO
Baníssemos o trabalho do amor do mundo e
o instinto dominaria as almas. Por isso, se Jesus deixasse a Terra, o caos lhe
tomaria o lugar.
Ela
é a alma da caridade vivificando os destinos humanos.
Que adiantam a posse de terras, o ensejo
à prosperidade, a fartura de pão e a liberdade relativa para o homem, se ele
apenas respirasse
acomodado
à animalidade e ao descaso, sem marcar os passos com as balizas da evolução
espiritual?
Que valem fastígios terrestres sem bases
em diretrizes da imortalidade que nos é própria?
Atenda às vozes do amor que lhe
estribilham apelos fraternos às portas do coração: porfie em favor de
alguém.
Todos podemos fazer algo, até mesmo
tão-só com a presença. Frequentemente, a simples presença, sanciona o erro ou
apóia o acerto.
Presença
constitui serviço ou desserviço.
Não se esqueça de que há muitos a lhe
reclamarem auxílio próximos de você. Não queremos dizer que seja feliz quem
mostre face alegre;
feliz
é quem espalha felicidade.
Ajude, seja a emoção, o pensamento, o
tempo, a tarefa ou o estômago do semelhante, mas ajude. Preferível aprender a
lição da vida no
exercício,
como praticante, do que repeti-la mil vezes em teoria, na posição de expectador
ou de ouvinte.
Quem
facilita um ato nobre ou menos digno é sócio na ação respectiva. Socorro
fraterno, mostre-se ele por dádiva ou perdão, cria laços e
raízes
de amor para sempre. Indiferença cava a solidão, para agora e para
depois.
Não
existem no Universo abismos indevassáveis ao bem. Por toda parte desce ou se
alteia a misericórdia invisível.
Toda
pessoa ociosa rouba à sociedade. Muita mão paralisada já veio assim de
encarnações anteriores. O esforço de hoje irá ampliar
suas
energias e enrijecer seus músculos na vida próxima.
Ampare
a quem caiu sem esmiuçar o erro do culpado. Na ação do bem desinteressado, a
censura não encontra motivos para se impor. O
ato
de caridade jamais forma vítimas, nem complica a ninguém.
Caridade verdadeira onde aparece é sempre
limpa, porque nunca demonstra negligência à frente de
obrigações.
Estabelecer condição para a caridade já é
faltar com ela. Na tarefa aparentemente mais insignificante por situar-se a
caridade mais
difícil
de ser atendida.
Talvez que o êxito maior da sublime
virtude resida justamente em não se preocupar com êxito algum. Por isso mesmo,
se o campo
da
caridade é árido em vantagens humanas, é invariavelmente fértil em divinas
consolações.
Quanto mais evolução, mais amplo
entendimento da caridade. Só a intenção da caridade sabe sufocar a revolta,
alijar a
deslealdade,
olvidar o desprezo e praticar a benevolência sem qualquer consideração no
próprio interesse.
Na atualidade terrena quem exerce a
caridade vive temporariamente no futuro da vida.
O Espiritismo é progressista, jamais
retrógrado. Os princípios que lhe norteiam a marcha não permitem o arrivismo.
Eis porque só
encontramos
um caminho para a vitória real: vencer a nós mesmos e, para isso, o rumo
inevitável será sempre: caridade.
(De
“Técnica de Viver”, de Waldo Vieira, pelo Espírito de Kelvin Van
Dine)