À SOMBRA DO
ABACATEIRO
O Dr. Carlos A.
Baccelli, querido irmão de ideal e prestimoso amigo, sempre presente ao Culto da
Assistência que o Chico realizava à sombra de um abacateiro, atento e fiel a
tudo o que o Chico diz, ia anotando as frases que ele pronunciava e depois
escrevia os seus maravilhosos artigos "Chico Xavier, à Sombra do Abacateiro". Às
vezes fico pensando quanta coisa importante se teria perdido não fossem as
abençoadas anotações do Baccelli.
Num certo dia,
o Chico pede para falar alguns minutos, parece que percebendo o anseio de cada
um. Vai dizendo:
— Eu gostaria
de oferecer-lhes, pessoalmente, mais tempo. Às vezes, a gente comete a falta da
ingratidão sem desejar. Tenho procurado cumprir com os meus deveres para com os
Espíritos Amigos e para com os espíritas amigos. Fala do seu estado de saúde, do
tempo reduzido que lhe resta no corpo:
— Eu me
contento com a alegria de vê-los a todos; gostaria de me sentar com cada um para
conversar sobre as nossas tarefas...
E pede perdão
por estar doente!...
O Evangelho
Segundo o Espiritismo, aberto ao acaso, havia trazido para estudo e meditação, o
capítulo V: "Bem-Aventurados os Aflitos", o item 18: "Bem e Mal
Sofrer".
Emmanuel,
presente ao culto, pede ao Chico que fale um pouco sobre o tema do
Evangelho.
Chico, então,
começa a falar. Sua voz suave e mansa vai penetrando os ouvidos dos
presentes.
— À medida que
a Providência Divina determina melhoras para nós, na Terra, inventamos
aflições... Para cultivar o solo temos o auxílio do trator, antes só possuíamos
carros-de-bois... Hoje, temos veículos motorizados encurtando as distâncias, mas
não nos contentamos com os 80 km por hora; antes andava-se a pé... Hoje, a
geladeira conserva quase tudo; antes plantavam-se canteiros...
Fala do
conforto em que o homem vive e do seu comodismo espiritual:
— É que
precisamos de contentar-nos com o que temos; estamos ricos, sem saber aproveitar
a nossa felicidade... Antes, as pessoas idosas desencarnavam conosco; hoje as
mandamos para os abrigos... Tínhamos um pouco de prosa durante o dia, a oração à
noite... Agora inventamos dificuldades e depois vem o complexo de culpa e vamos
para os psiquiatras... Se estamos numa fila e uma senhora doente nos pede o
lugar, precisamos cedê-lo. Recordemo-nos da prece padrão para todos os tempos
que é o Pai Nosso, quando Jesus diz: "O pão nosso de cada dia..." Por que
acumular tanto? Existem pessoas que possuem trinta e cinco pares de sapato; onde
é que irão arrumar setenta pés? Estamos sofrendo mais por excesso de conforto do
que excesso de desconforto. Morre muito mais gente de tanto comer e de tanto
beber, do que por falta de comida... A inflação existe, porque queremos o que é
demais.
E
conclui:
— Esta é a
opinião dos Espíritos. Perdoem-me se falei mal, mas se eu falei mal, falei foi
de mim.
Conta o
Baccelli que quando o Chico acabou de falar, podia-se ouvir uma mosca voar, tão
forte a impressão que deixara em todos os presentes.
"Chico está
coberto de razão; falou a pura verdade, verdade que nem sempre queremos
ouvir...
Sim, quando o
Espírito silencia, Deus fala nele...
Estávamos,
agora, em silêncio e o Verbo Divino que vibrara pelos lábios do Chico ecoava
dentro de nós..."
Livro: “Chico, de Francisco”-Adelino da Silveira
CEU – Cultura Espírita União
Questão 662: PODE-SE ORAR UTILMENTE PELOS
OUTROS? Resposta: O Espírito daquele que ora está agindo pela
vontade de fazer o bem. Pela prece atrai a ele os bons Espíritos que se associam
ao bem que deseja fazer.-Livro dos Espíritos, 65ª edição-tradução de J.
Herculano Pires.
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"Eu não me envergonho de corrigir meus erros e mudar as minhas opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e aprender"
ALEXANDRE HERCULANO