Diversos cientistas e filósofos profetizaram, empertigados e
loquazes, que o século da razão solaparia as bases da fé, relegando-a ao
abandono da História, qual crendice supersticiosa e desvalorizada, e programaram
que, entre as valiosas conquistas da Ciência e as audaciosas conclusões dos
concepcionistas hodiernos, essa mesma fé bruxulearia, desaparecendo a religião
da face da Terra.
Animados pelas idéias revolucionárias que empolgaram o último
quartel do século XIX e buscando aplicar os conceitos de Frederico Nietzsche
sobre o super-homem, acreditaram que o Estado, através de uma política de
absolutismo do poder, atenderia aos impositivos da miséria humana e social,
aniquilando a iniciativa privada e arrasando os valorosos esforços da
Filantropia e da Caridade, em nome de Deus e da Humanidade.
Não contavam, no entanto, esses nobres pensadores, com o
advento de uma fé científica, — o Espiritismo —, que viria abrir uma nova
alvorada para mentes e corações, a fim de soerguer o homem em pleno descalabro
moral e conduzi-lo a diferente estado de ânimo, pelos rumos da dignidade e do
amor.
Ante o impacto experimentado com a chegada da Era Espírita,
invectivaram contra a fenomenologia medianímica, crendo que, desrespeitando o
fenômeno mediúnico, descaracterizariam a Doutrina e procuraram desconhecê-la,
como se ignorando o fato pudessem destruir-lhe a legitimidade.
O Espiritismo, consolidando a promessa de Jesus Cristo, trouxe
à Terra um novo “modus-operandi” capaz de estimular o espírito humano no roteiro
da dignificação pessoal e social, fazendo-o religioso com religiosidade íntima,
capaz de ligá-lo, realmente a Deus, destarte, convocando-o para o auxílio aos
náufragos e vencidos morais no mar proceloso das aflições, redimindo-se, por
fim, através da redenção que propicia ao próximo.
Abriu, a Doutrina Espírita, novas clareiras intelectuais,
confirmando a continuidade da vida além da morte, atendendo à dor e ao desespero
na lapa em que se enfurnavam, ajudando a investigação científica com as luzes
que espraia, equacionando os intricados problemas do pensamento...
A excelente mensagem kardequiana com que Deus nos dignifica há
mais de cem anos, vem fecundando em nosso espírito o Espírito do Cristo, como
sol que ilumina o porvir desde hoje.
Enquanto a derrocada moral amesquinha as conquistas da
inteligência e o desvario mental zomba do conhecimento e da cultura, no tumulto
que se vive em toda a parte, Jesus ressurge em novas formulações, chamando e
clamando com misericordiosa voz, em imperativo apelo, para o exame, meditação e
vivência dos postulados do amor, como trilha segura para a Espiritualidade
Maior.