domingo, 20 de maio de 2012

Em que se funda o dogma da reencarnação


DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

167. Qual o fim objetivado com a reencarnação?

“Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a justiça?”

168. É limitado o número das existências corporais, ou o Espírito reencarna
perpetuamente?

“A cada nova existência, o Espírito dá um passo para diante na senda do
progresso. Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem mais necessidade das
provas da vida corporal.”

169. É invariável o número das encarnações para todos os Espíritos?

“Não; aquele que caminha depressa, a muitas provas se forra. Todavia, as
encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porquanto o progresso é quase
infinito.”

170. O que fica sendo o Espírito depois da sua última encarnação?

“Espírito bem-aventurado; puro Espírito.”

Justiça da reencarnação

171. Em que se funda o dogma da reencarnação?

“Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai
deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não te diz a razão
que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles de quem não
dependeu o melhorarem-se? Não são filhos de Deus todos os homens? Só entre os
egoístas se encontram a iniqüidade, o ódio implacável e os castigos sem remissão.”

Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de
alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes
concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa
primeira prova.

Não obraria Deus com eqüidade, nem de acordo com a Sua bondade, se condenasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do próprio meio onde foram
colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento. Se a sorte
do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, não seria uma única a balança em
que Deus pesa as ações de todas as criaturas e não haveria imparcialidade no tratamento que
a todas dispensa.

A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas
existências sucessivas, é a única que corresponde à idéia que formamos da justiça de Deus
para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o
futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os
nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam.

O homem, que tem consciência da sua inferioridade, haure consoladora esperança na
doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que venha a achar-se,
para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustém-no, porém, e
lhe reanima a coragem a idéia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do
supremo bem e que, mediante novos esforços, dado lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao
cabo da sua carreira, não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não mais
pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o Espírito a
utilizará em nova existência.