Senda para Deus
CHICO XAVIER
HISTÓRIA DE BELARMINO
Irmão X
Belarmino Fontes se fez
funcionário do escritório de uma grande
indústria.
Tinha que atender ao
chefe e empresário, o engenheiro Dr. Claudiano,
moço distinto,
recém-casado, com vinte e seis de idade.
Dr. Claudiano estava
atento às mínimas situações de serviço.
Inteligência viva.
Correção e diligência.
Belarmino, porém,
estava habituado, há quase dez anos, à filosofia do
“paletó na cadeira”.
Com frequência dava uma
fugida aos arredores para tomar um cafezinho
ou tirar uma fumaça.
O chefe não concordava.
E Belarmino estava
longe de aceitar semelhante regime.
E em casa era sempre o
choro:
-Dr. Claudiano é um
desatino...
-Não posso admitir as
exigências do chefe...
-Ganho pouco e passo o
dia no aperto...
-Dr. Claudiano é mão de
ferro...
De outras vezes, falava
com mais destempero:
-Dr. Claudiano é um
cínico...
Dona Sofia, a esposa,
intervinha:
-Belarmino, não faça
isso com seu chefe... Ele é humano, não estamos
ricos, mas temos o
necessário...
Vinte janeiros correram
nessa lenga-lenga.
A morte buscou
Belarmino aos sessenta.
Ele foi recolhido a um
hospital de refazimento. Se ele reclamava no
Mundo Físico, piorou na
Vida Espiritual.
Debalde o seu mentor, o
Irmão Lino, lhe solicitava paciência e aceitação.
Belarmino aprendeu a
visitar a família, pedindo café e outras distrações.
Após vinte e dois anos,
na condição de desencarnado ele foi conduzido
pelo Mentor a um
Conselho de Renovação.
Muito desapontado,
escutou o dirigente da instituição que o informou:
-Belarmino; temos aqui
todas as notas alusivas ao seu comportamento e
desejamos comunicar-lhe
que você tomará novo corpo na Terra, nos próximos dois
meses...
-Voltarei para minha
família? Indagou o ex-funcionário.
-Não, Belarmino. Você
será um dos bisnetos do seu antigo chefe...
-Dr. Claudiano?
-Sim.
-Para quê? Rogou ele,
assustadiço.
E o dirigente daquela
casa de orientação respondeu simplesmente:
-Para ser empresário.