SOBRAS
Reunião
pública de 20-2-59
Questão
715 de “O Livro dos Espíritos”.
A sobra em todas as situações é o agente
aferidor do nosso ajustamento à Lei Eterna que estatui sejam os recursos do
Criador divididos justificadamente por todas as criaturas, a começar pela bênção
vivificante do Sol.
É assim que o leite a desperdiçar-se, na
mesa, é a migalha de alimento que sonegas à criancinha, órfã de pão, tanto
quanto a roupa a emalar-se, desnecessária, no recanto doméstico, é o agasalho
que deves à nudez que a noite fria vergasta.
Por isso mesmo, é pelo supérfluo
acumulado em vão que começam todos os nossos desacertos perante a Bênção
Divina.
Formações miasmáticas invadem-te o lar
pelos frutos apodrecidos que recusas à fome dos semelhantes; prolifera a traça
na moradia, pelo vestuário que segregas a distância de quem sofre a intempérie;
multiplicam-se víboras e espinheiros na gleba que guardas, inútil; arma-te a
inveja ciladas soezes, ao pé de patrimônios materiais que reténs, sem qualquer
benefício para a necessidade dos outros, e, sobretudo, os expoentes da
criminalidade e do vício senhoreiam-te a vida, nas horas vagas em que te
refestelas nos braços da ilusão, exaltando a leviandade e a
preguiça.
Não olvides, assim, que toda sobra
desaproveitada nos bens que desfrutas, por efeito de empréstimo da Providência
Maior, se converte em cadeia de retaguarda, situando-te pensamentos e aspirações
na cidadela da sombra. E, repartindo com o próximo as vantagens que te
enriquecem os dias, seguirás, desde a Terra, pelos investimentos do amor puro e
incessante, em direitura à Plenitude Celestial.
(De
“Religião dos Espíritos”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito
Emmanuel)