Se soubesses quão venenoso é o conteúdo de fel a tisnar o cálice da aversão,
decerto compreenderias que todo golpe de crueldade não é senão desafio à tua
capacidade de entendimento.
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Se soubesses a trama de sombra que freme, perturbadora, em torno da palavra
infeliz que proferes, na crítica à luta alheia, preferirias amargar no silêncio
as feridas de tua mágoa, esperando que o tempo lhes ofereça a necessária
medicação.
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Se soubesses a quantidade dos crimes, oriundos da revolta e da queixa,
escolherias padecer toda sorte de sofrimento antes que reclamar consideração e
justiça em teu próprio favor.
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Se soubesses a multidão de males que a vingança provoca, esquecerias sem custo
os braseiros de dor que a calúnia te arremessa à
existência.
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Lembra-te de que o ódio é o grande fornecedor das prisões e de que a cólera é
responsável pela maior parte das moléstias que infelicitam a vida e guarda o
coração na grande serenidade, se te propões conservar em ti mesmo o tesouro da
paz e a bênção da segurança.
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Ainda mesmo que alguém te ameace com o gládio da morte, desculpa e segue
adiante, porque as vítimas ajustadas aos marcos do Bem Eterno elevam-se de
nível, enquanto que os ofensores, ainda mesmo os aparentemente mais dignos,
descem aos precipícios do tempo para o acerto
reparador.
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De qualquer modo, se a aflição te procura, cala e perdoa sempre, porque se o
Mestre nos exortou ao amor pelos inimigos, também nos advertiu que a mão erguida
à delinquência da espada, agora, hoje ou amanhã, na espada
fenecerá.
(De
“Alma e Luz”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito
Emmanuel)