TERAPIA DA SOLIDARIEDADE No intervalo do Seminário sobre os Amigos Espirituaise suas moradas, em Zurique, Suíça, no G-19 ¾ Fundaçãopara a Melhoria da Consciência Global ¾ no dia 29 de maiode 1994, alguém apresentou o tema do suicídio por solidão, eo assunto foi bastante discutido. Nessa noite, o amigo Ignotusescreveu a presente mensagem. A senhora, culta e nobre de sentimentos, dispondo de algum tempo livre, resolveu aplicá-lo utilmente. Porque o índice de suicídios na cidade onde residia fosse elevado, dedicou-se ao edificante trabalho de atendimento no SOS Vida, serviço telefônico para os candidatos ao suicídio.Submeteu-se ao treinamento e, três vezes por semana, dedicava duas horas, cada vez, ao relevante mister.Oportunamente, foi surpreendida por uma voz amargurada, nervosa, que dizia:¾ Pretendo matar-me ainda hoje. Antes de fazê-lo, quis comunicá-lo a alguém. Por isso, estou telefonando.Fiel ao compromisso de não interferir no drama do cliente, manteve-se com serenidade, indagando:¾ Crê que eu lhe poderei ser útil?Com azedume, a paciente reagiu:¾ Ninguém pode ajudar-me, nem o desejo. Odeio o mundo e as pessoas. Sou uma infeliz, e pretendo encerrar esta existência vazia...Silêncio da ouvinte.Logo prosseguiu:¾ Sou rica. Resido em uma bela mansão, no melhor bairro da cidade. Tenho dois filhos: um homem e uma mulher, ambos casados e pais, que me deram quatro netos. Sou membro da alta sociedade, frequento o Clube. Em minha casa disponho de duas linhas telefônicas... Sempre que o aparelho soa e vou atender, trata-se de ligação errada. Em palavras finais: ninguém se preocupa comigo! Terminados os encontros formais, sociais, ninguém é meu amigo...¾ Então ¾ interferiu com oportunidade ¾ permita-me telefonar-lhe uma ou outra vez.¾ Com qual interesse?¾ Eu necessito de uma amiga.Fez-se silêncio, que logo se interrompeu.¾ Mas você não me conhece ¾ redarguiu, mais calma, a outra.¾ Isso não é importante. Conhecê-la-ei depois. Conceda-me seu número, por favor.¾ Não tenho hábito de dá-lo a estranhos.¾ E como deseja que a chamem, se o evita?Depois de alguma hesitação, o número e o nome foram declinados.Dois dias depois a dama telefonou à desconhecida.Conversaram sobre assuntos gerais. A experiência repetiu-se muitas vezes.Após alguns meses, resolveram conhecer-se pessoalmente em um Café.Mais tarde, a dama convidou a paciente a um chá no seu lar. Hoje, ambas trabalham no SOS-Vida, e o telefone, quando toca, é alguém pedindo o socorro que ela oferece com carinho.Aprendeu a amar. Tornou-se útil, solidária.Recebe amor, quem o doa. Talvez não seja da pessoa a quem o oferta. Mas isso não é importante, desde que ame.A solidão é doença que procede do egoísmo.Quando alguém se dispõe a sair da concha do eu, enriquece-se de amor e solidariedade.Ignotus(Do livro “Sobre a proteção de Deus”, de Divaldo Pereira Franco – Diversos Espíritos).
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