Vínculos
familiares
“... Afeição real de
alma a alma, a única que sobrevive à destruição do corpo, porque os seres que
não se unem neste mundo senão pelos sentidos não têm nenhum motivo para se
procurarem no mundo dos Espíritos. Não há de duráveis senão as afeições
espirituais...”
(Capítulo 4, item
18.)
A rigor, família é uma
instituição social que compreende indivíduos ligados entre si por laços
consangüíneos.
A formação do grupo
familiar tem como finalidade a educação, implicando, porém, outros tantos
fatores como amor, atenção, compreensão, coerência e, sobretudo, respeito à
individualidade de cada componente do instituto doméstico.
Com o Espiritismo,
porém, esse conceito de família se alarga, porque os velhos padrões patriarcais,
impositivos e machistas do passado, cedem lugar a um clã familiar de visão mais
ampla de vivência coletiva, dentro das bases da reencarnação. Por admitir que os
laços da parentela são preexistentes à jornada atual, os preconceitos de cor, de
sangue, sociais e afetivos caem por terra, em face da possibilidade de as almas
retornarem ao mesmo domicílio, ocupando roupagens físicas conforme as
necessidades evolutivas.
As afeições reais do
espírito sobrevivem à destruição do corpo e permanecem indissolúveis e eternas,
nutrindo-se cada vez mais de mútuas afinidades, enquanto que as atrações
materiais, cujo único objetivo são as ilusões passageiras e os interesses do
orgulho, extinguem-se com a “causa que os fez nascer”.
Assim, vemos famílias que adotam a “eliminação quase total da
vida particular”. A atenção é focalizada de forma exclusiva no grupo familiar,
cujos integrantes vivem neuroticamente uns para os outros. Bloqueiam seus
direitos à própria vida, à liberdade de agir e de pensar e ao processo de
desenvolvimento espiritual, para se ocuparem de cuidados improdutivos e
alienatórios entre si. Vivem uns para os outros numa “simbiose
doentia”.
Os elementos que vivem presos
a esse relacionamento de permuta egoísta afirmam para si mesmos: “Se eu me
sacrifico pelo outro, exijo que ele se dedique a mim”. Não se trata de caridade,
e sim de compromissos impostos entre dois ou mais indivíduos de juntos viverem,
visando ao “bem-estar familiar”. Na verdade, não estão exercitando o
discernimento necessário para enxergar a autêntica satisfação de cada um como
pessoa.
Não nos referimos aqui ao
companheirismo afetivo, tão reconfortante e vital à família, mas a uma postura
obrigatória pela qual indivíduos se vigiam e se encarceram
reciprocamente.
Encontramos também outras
famílias que não se formaram por afeições sinceras; fazem comparações e observam
características de outras famílias que invejam e que buscam copiar a qualquer
custo: são as chamadas “alpinistas sociais
Procuraram formar o lar
afeiçoadas a modelos de elegância e a peculiaridades obstinadas de afetação
social, moldando o recinto doméstico ao que eles idealizam a seu bel-prazer como
“chique”.
Vestem-se à imagem dos outros,
comparam carros, móveis, gostos e comidas; negam a cada membro, de forma
nociva, a verdadeira vocação, tentando sempre copiar modos de viver que não
condizem com suas reais motivações.
Há ainda outras agremiações
familiares denominadas “exibicionistas”, em que os membros do lar se associam
para suprir a necessidade que nutrem de ser vistos, ouvidos, apreciados e
admirados. Ajudam-se mutuamente, ressaltando uns a imagem dos outros e
focalizando áreas que podem ser valorizadas pelo social, como, por exemplo, a
beleza física ou o recurso financeiro.
As pessoas vaidosas desse tipo
familiar, quando bem sucedidas ou conceituadas, alimentam exibição sistemática
diante dos outros, como forma de compensação ao orgulho de que estão
revestidas.
Assim considerando, os laços
de família formados em bases de fidelidade, amor, respeito e dedicação
perdurarão pela Eternidade e serão cada vez mais fortalecidos. Os espíritos
simpáticos envolvidos nessas uniões usufruem indizível felicidade por estar
juntos trabalhando para o seu progresso espiritual. “Quanto às pessoas unidas
pelo único móvel do interesse, elas não estão realmente em nada unidas uma à
outra: a morte as separa sobre a Terra e no céu”, (1) conforme nos certifica
literalmente o texto de “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”.
(1) O Evangelho Segundo o
Espiritismo - capítulo 4º item 18.
RENOVANDO ATITUDES
FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO
DITADO PELO ESPÍRITO HAMMED