Francisco
Cândido Xavier / Emmanuel
Religião dos
Espíritos
38
Perseguidos
Reunião pública de
29/5/59
Questão nº 781
Questão nº 781
Batido no ideal de bem fazer,
desculpa e avança à frente.
Açoitado no coração, enxuga
as lágrimas e segue adiante.
A indulgência é a vitória da
vítima e o olvido de todo mal é a resposta do justo.
Acúleos despontam no corpo da
haste verde, mas a rosa, em silêncio, floresce, triunfante, por cima deles,
enviando perfume ao céu.
Sombras da noite envolvem a
paisagem terrestre na escuridão do nadir; todavia, o Sol, sem palavras, expulsa
as trevas, cada manhã, recuperando-a para a alegria da luz.
Lembra-te dos perseguidos sem
causa, que se refugiaram na paz da consciência, em todas as épocas.
Sócrates bebe a cicuta que
lhe impõem à boca; entretanto, ergue-se à culminância da filosofia.
Estêvão morre sob pedradas,
abrindo caminho a três séculos de flagelação contra o Cristianismo nascente;
contudo, faz-se o padrão do heroísmo e da resistência dos mártires que
transformam o mundo.
Gutenberg é processado como
devedor relapso, mas cria a imprensa, desfazendo o nevoeiro medieval.
Jan Hus é queimado vivo, mas
imprime novos rumos à fé.
Colombo expira abandonado
numa enxerga em Valladolid; no entanto, levanta-se, para sempre, na memória da
América.
Galileu, preso e humilhado,
desvenda ao homem nova contemplação do Universo.
Lutero, vilipendiado,
ressuscita as letras do Evangelho.
Giordano Bruno, atravessando
pavoroso suplício, traça mais altos rumos ao pensamento.
Lincoln tomba assassinado,
mas extingue o cativeiro no clima de sua pátria.
Pasteur é ironizado pela
maioria de seus contemporâneos; no entanto, renova os métodos da ciência e converte-se
em benfeitor de todos os povos.
E, ainda ontem, Gandhi cai
sob golpe homicida, mas consagra o princípio de não-violência.
Entre os perseguidores,
contam-se os obsidiados, os intemperantes, os depravados, os infelizes, os
caluniadores, os calculistas e os criminosos, que descem pelas torrentes do
remorso para a necessária refundição mental nos alambiques do tempo, mas, entre
os perseguidos sem razão, enumeram-se quase todos aqueles que lançam nova luz
sobre as rotas da vida.
É por isso que Jesus, o
Divino Governador da Terra, preferiu alinhar-se entre os escarnecidos e
injuriados, aceitando a morte na cruz, de maneira a estender a glória do amor
puro e a força do perdão, para que se aprimore a Humanidade inteira.