Francisco
Cândido Xavier / Emmanuel
Religião dos
Espíritos
34
Responsabilidade e destino
Reunião pública de
15/5/59
Questão nº 470
Questão nº 470
O Criador, que estabelece o
bem de todos como lei para todas as criaturas, não cria Espírito algum para o
exercício do mal.
A criatura, porém, na Terra
ou fora da Terra, segundo o princípio de responsabilidade, ao transviar-se do
bem, gera o mal por fecundação passageira de ignorância que ela mesma,
atendendo aos ditames da consciência, extirpará do próprio caminho, em tantas
existências de abençoada reparação, quantas se fizerem indispensáveis.
Deus concede ao homem os
agentes da nitroglicerina e da areia e inspira-lhe a formação da dinamite, por
substância explosiva capaz de auxiliá-lo na construção de estradas e moradias, mas
o artífice do progresso, quase sempre, abusa do privilégio para arrasar ou
ferir, adquirindo dividas clamorosas em sementeiras de ódio e destruição;
empresta-lhe a morfina por alcalóide beneficente, a fim de acalmar-lhe a dor,
entretanto, enfermo amparado, em muitas ocasiões escarnece do socorro divino,
transformando-o em corrosivo entorpecente das próprias forças, com que
prejudica as funções de seu corpo espiritual em largas faixas de tempo; galardoa-o
com o ferro, por elemento químico flexível e tenaz, de modo a ajudá-lo na
indústria e na arte, todavia, o servo da experiência, em muitas circunstâncias,
converte-o no instrumento da morte, a desajustar-se em compromissos escusos,
que lhe reclamam agonia e suor, em séculos numerosos; dá-lhe o ouro por metal
nobre, suscetível de enriquecer-lhe o trabalho e desenvolver-lhe a cultura, mas
o mordomo da posse nele talha, freqüentemente, o grilhão de sovinice e miséria
em que se amesquinha a si mesmo; e confere-lhe a onda radiofônica para os
serviços da verdadeira fraternidade entre os povos, mas o orientador do
intercâmbio, por vezes, nela transmite notas macabras, em que promove o aniquilamento
de populações indefesas, agravando-se em débitos aflitivos para o futuro.
É assim que o Supremo Senhor
nos cede os dons inefáveis da vida, como sejam as bênçãos do corpo e da alma e
os tesouros do amor e da inteligência.
Do uso feliz ou infeliz de
semelhantes talentos, resultam para nós vitória ou derrota, felicidade ou
infortúnio, saúde ou moléstia, harmonia ou desequilíbrio, avanço ou retardamento
nos caminhos da evolução.
Examina, pois, a ti mesmo e
encontrarás a extensão e a natureza de tua dívida, pela prova que te procura ou
pela tentação que padeces, porque o bem verte, puro, de Deus, enquanto que o
mal é obra que nos pertence – transitório fantasma de rebeldia e ilusão que
criamos, ante as leis do destino, por conta própria.