O Homem Bom
Conta-se que Jesus, apos narrar a Parabóla do Bom Samaritano, foi
novamente interpelado pelo doutor da lei que, alegando não lhe haver
compreendido integralmente a lição, perguntou, sutil:
- Mestre, que farei para ser considerado homem bom?
Evidenciando paciência admirável, o Senhor respondeu:
Imagina-te vitimado por mudez que te iniba a manifestação do verbo
escorreito e pensa quão grato te mostrarias ao companheiro que falasse por ti a
palavra encarcerada na boca.
Imagina-te de olhos mortos pela enfermidade irremediável e lembra
a alegria da caminhada, ante as mãos que te estendessem ao passo incerto,
garatindo-te a segurança.
Imagina-te caído e desfalecente, na via pública, e preliba o teu
consolo nos braços que te oferecessem amparo, sem qualquer desrespeito para com
os teus sofrimentos.
Imagina-te tocado por moléstia contagiosa e reflete no
contentamento que te iluminaria o coração, perante a visita do amigo que te
fosse levar alguns minutos de solidariedade.
Imagina-te no carcere, padecendo a incompreensão do mundo, e
recorda como te edificaria o gesto de coragem do irmão que te buscasse
testemunhar entendimento.
Imagina-te sem pão no lar, arrostando amargura e escassez, e
raciocina sobre a felicidade que te apareceria de súbito no amparo daqueles que
te levassem leve migalha de auxílio, sem perguntar por teu modo de crer e sem te
exigir exames de consciência.
Imagina-te em erro, sob o sarcasmo de muitos, e mentaliza o
bálsamo com que te acalmarias, diante da indulgência dos que te desculpassem a
falta, alentando-te o recomeço.
Imagina-te fatigado e intemperante e observa quão reconhecido
ficarias para com todos os que te ofertassem a oração do silêncio e a frase de
simpatia.
Em seguida ao intervalo espontâneo, indagou-lhe o Divino
Amigo:
- Em teu parecer, quais teriam sido os homens bons nessas
circunstâncias?
- Os que usassem de compreensão e misericordia para comigo -
explicou o interlocutor.
- Entao - repetiu Jesus com bondade-, segue adiante e faze também
o mesmo.
Amor e Vida em Família. EME. |
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