Dentre os muitos males que o verbo infeliz pode produzir, o
mexerico é, possivelmente, dos mais graves.
Semelhante a vaso pútrido, o falatório exala miasma
pestilencial, que contamina os incautos, que dele se acercam.
Ali proliferam a maledicência insensata, o julgamento
arbitrário, a acusação indébita, a suspeita inapelável, a infâmia disfarçada,
quando não irrompe a calúnia maleável, capaz de engendrar a destruição dos mais
nobres ideais e vidas respeitáveis.
Atira-se a brasa do falatório inconsciente e espera-se que o
fogo da irresponsabilidade ameace, devorador, a estrutura onde produz chamas.
Nasce na conversa simples, porém, perniciosa. Emana de uma
observação candente e feita de impiedade, a qual se difunde facilmente por
ausência de serviço edificante, em decorrência da hora vazia, pela dilatação das
apreciações indébitas.
O falatório é, também, verdugo do falador, porquanto, aquele
que se compraz em censurar, torna-se vítima da censura alheia.
* * *
Acautela-te dos que somente sabem colocar ácido e observações
infelizes. Não estás indene à acusação deles.
Se te trazem informação inditosa, por mais amigo que te seja,
de ti levará informação incorreta para outrem, a quem chama amigo, e que
ignoras.
Não permitas que os teus ouvidos, voltados para a verdade, se
convertam em caixa de acusações desditosas.
Ninguém te pede a santificação em um dia, nem espera a tua
redenção numa hora. Aliás, se isto se dera, o beneficiado seria tu próprio.
Todavia, todos aguardam que não incidas, reincidas ou insistas no erro,
promovendo a renovação dos teus propósitos cada dia, a toda hora, em cada
instante...
O teu chamado ao Evangelho de Jesus significa compromisso novo
para com a ida, e, se outrem erra, não te utilizes do erro dele, para que
justifiques o teu erro.
Não prestarás satisfação da tua conduta ao teu próximo, mas
Àquele que te enviou a servir.
Sempre que falares, faze o relatório do bem: desculpa, ajuda,
perdoa e compreende.
O irmão caído não necessita de empurrão para mais baixo,
entretanto, espera mão amiga para reerguer-se.
Quem erra, tem a ferida do engano; aquele que se equivoca,
padece a ulceração do erro.
Disputa a honra de acertar, falando sobre o bem, em nome do
Supremo Bem, para o teu próprio bem.